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11 de janeiro de 2019O pré-sal voltou a ser o assunto do dia com a retomada dos leilões de algumas áreas de exploração pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). E o assunto está sendo comentado com entusiasmo, principalmente, pela indústria de petróleo e gás – e com toda a razão. Esses leilões serão, de fato, apenas um recomeço: daqui para frente devem jorrar com força investimentos no setor.
De acordo com uma estimativa do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), até 2054 esses investimentos deverão chegar a R$ 1,8 trilhão e a arrecadação, a R$ 6 trilhões. Ou seja, R$ 167 bilhões ao ano, o que equivale ao déficit fiscal atual do país. No curto prazo, irão ser construídas mais 13 novas plataformas.
Veja detalhes a seguir:
– Fonte majoritária
Hoje, a produção do pré-sal já representa 53% de todo o petróleo e gás natural extraídos nas bacias sedimentares brasileiras. Apenas na área do pré-sal operam 21 plataformas, suficientes para a produção de 1,5 milhão de barris de petróleo por dia (bpd), mais que a Grã-Bretanha ou Omã, no Oriente Médio, cada qual com produção média de 1 milhão de bpd em 2017.
Segundo a Petrobras, de cada quatro projetos de produção da companhia programados para os próximos anos, três serão instalados no pré-sal, que começou a ser explorado no Brasil em setembro de 2008 – há exatos dez anos, portanto – no pioneiro campo de Jubarte, na porção capixaba da Bacia de Campos.
“O petróleo, mesmo a caminho da obsolescência, manterá a sua relevância global por algumas décadas, e só entrará em declínio nos anos 2030. O Brasil precisa aproveitar suas reservas de petróleo enquanto elas têm valor. E converter esse potencial em recursos também para retirar milhões de pessoas da pobreza”.
(Décio Ottone, diretor-geral da ANP, durante o seminário “Os caminhos do futuro do óleo e gás no país”, realizado no dia 28 de agosto no auditório da Maison de France, no Rio de Janeiro)
– Poucos contratos
Para ter uma ideia do espaço que o Brasil tem para crescer na exploração oceânica, apenas cerca de 5% das áreas sedimentares, onde pode haver petróleo, estão hoje sob contrato. Há bacias em que não foi explorado um poço sequer.
No entanto, o Brasil tem de agir rápido. De acordo com os especialistas, há uma janela de oportunidades de no máximo 30 anos, em que o país pode converter parte das reservas em riqueza. E comercializados no primeiro momento desta janela, o óleo e o gás terão ainda mais valor. Depois de 2035 – os especialistas acreditam – a demanda mundial por petróleo começará a declinar aos poucos, assim como o preço.
“É uma decisão estratégica que o governo precisa tomar. Foram encontrados no pré-sal brasileiro poços capazes de produzir 58 mil barris por dia. Precisamos ir a eles sem perda de tempo”.
(José Firmo, presidente do IBP, no mesmo seminário)
– Plano de negócios
A Petrobras antecipou-se a esta recomendação. A previsão do Plano de Negócios e Gestão da companhia para o período de 2018 a 2022 é gerar mais R$ 130 bilhões em participações governamentais a partir da produção nessa área. A Petrobras deverá colocar em operação, até 2022, mais 13 plataformas na área do pré-sal, uma expansão que pretende sustentar com investimentos da ordem de R$ 35 bilhões.
Os 36 poços mais produtivos do país estão localizados no pré-sal. Cada poço ali produz, em média, 27 mil bpd, acima da média da indústria offshore, sendo que, no campo de Sapinhoá, na Bacia de Santos, apenas um poço atingiu o recorde de 42 mil bpd. A produção acumulada do pré-sal já chegou a de 2 bilhões de barris de óleo.
– Alta tecnologia
O histórico da produção brasileira do pré-sal é, aliás, de ela ir avançando aos saltos. Apenas seis anos depois do primeiro jorro de óleo, a produção alcançou o patamar de 500 mil bpd e, após oito anos, do primeiro milhão. Meros dois anos depois, o volume chegaria aos atuais 1,5 milhão de barris por dia. Em uma década, a produção no pré-sal gerou R$ 40 bilhões em participações governamentais – incluindo participações especiais e royalties.
O crescente know-how da Petrobras na exploração petroleira em águas profundas contribuiu intensamente para este aumento da produção. De dez anos para cá, houve expressiva redução do tempo de perfuração e construção dos poços, atividade que absorve cerca de um terço dos investimentos em exploração.
“A média de tempo utilizado para a construção de um poço marítimo no pré-sal da Bacia de Santos era, em 2010, de aproximadamente 300 dias. Em 2017, esse tempo já havia sido encurtado para cerca de 100 dias”.
(Solange Guedes, diretora de exploração e produção da Petrobras)
– Produtividade
O foco na otimização dos custos operacionais e na aceleração da produção, com a alta produtividade dos poços, tem se traduzido num custo médio de extração abaixo de US$ 7 por barril de óleo equivalente. Na indústria de petróleo, acelerar a produção dos projetos é sinônimo de antecipar a recuperação do capital empregado, o que é crucial para a geração de caixa e o resgate da saúde financeira. Quanto mais rápido os poços são colocados para produzir, mais acelerado será o retorno financeiro e menores serão os custos unitários envolvidos com a produção.
– Uso consciente
De olho no futuro mais distante, alguns especialistas defendem que parte dos recursos que entrarão nos cofres governamentais com a receita do pré-sal deveria ser usada como moeda de investimento em novas tecnologias de energia limpa. A ideia é fazer do Brasil um dos líderes mundiais neste segmento e um provedor de energia para países que terão dificuldade para despoluir suas matrizes.
O Brasil tem, inclusive, metas ambiciosas neste campo. Comprometeu-se a baixar as emissões de gases de efeito estufa em 37%, até 2025, e em 43%, em 2030, com base nos níveis observados em 2005. Os compromissos do país, signatário do Acordo de Paris de 2015, incluem o aumento do peso da bioenergia na matriz energética para 18% e de todas as energias renováveis para 45%, até 2030, e a restauração de 12 milhões de ha de florestas.
“Essa riqueza escondida no subsolo da costa brasileira pode ajudar a financiar a transição energética no país rumo a uma economia com menos emissões de carbono, em linha com o compromisso mundial de conter o aumento da temperatura do planeta em 2% acima dos níveis pré-industriais”.
(Suzana Kahn, professora do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ))
– Pesquisa e desenvolvimento
Para muitos, de modo a fazer frente a esses desafios, o país deve lançar mão de suas instituições de ensino e pesquisa que, embora careçam de investimentos, têm a contribuir com sua produção científica. Eles afirmam que o nosso conhecimento não é aproveitado pelas diferentes esferas de governo e ainda há muitas dificuldades de comunicação entre a indústria e a universidade.
– Desafio gigantesco
Mas atender à demanda crescente por energia e simultaneamente emitir menos carbono é um desafio gigantesco para a indústria petrolífera, na opinião praticamente unânime dos especialistas, que consideram o gás natural uma fonte fóssil menos emissora, capaz de levar o país ao caminho da transição energética. De fato, aparentemente, o gás natural já emergiu como o “combustível da transição” no processo rumo à economia de baixo carbono.
O petróleo tem um pico de consumo previsto para meados da próxima década, seguido por queda da procura, para chegar a 2040 com participação prevista de 23% na matriz energética do planeta, contra os atuais 32%.
“O mundo ainda não encontrou uma solução energética para retirar da matriz essas duas fontes, mas tem havido reequilíbrio entre óleo e gás, que desponta como fonte fóssil menos emissora, capaz de nos levar a esse caminho da transição energética. O gás natural tem caminho aberto na diversificação das fontes de energia também no Brasil, embora a maior ênfase tenha de se dar nas energias renováveis, em sintonia com as metas de emissões e as demandas da expansão da economia. Esse é o caminho certo”.
(Clarissa Lins diretora do IBP)
(Texto de Alberto Mawakdiye)